17.2.07

Leitura de férias

Desta vez o tiro foi certeiro. Vasculhava minha estante em busca de algum romance ainda não lido. Mirei em Sir Arthur Conan Doyle (1859-1930), UM ESTUDO EM VERMELHO, e acertei em cheio. Recebera este livro, há alguns anos, da Editora como cortesia. Bons tempos aqueles! A tradução é de Lígia Cadermatori, e isso já me deu confiança.
Este é o 1° título do autor inglês, escrito em 1887, no qual criou seu famoso personagem Sherlock Holmes e seu fiel ajudante, meu caro Watson, que se constitui no narrador. Este foi o 1° de uma série de 56 contos. Conan, que era médico (mais um!), exerceu a profissão por apenas 8 anos. Depois do sucesso do seu primeiro livro passou a dedicar-se só à literatura.
O livro é apaixonante e adorei saber como nasceu o famoso detetive da Baker Street.
Enquanto lia Um Estudo em Vermelho, consegui me senti realmente em férias. Valeu, Sir!
Mesmo para quem não curte muito o romance policial, este é uma obra prima que vale a pena conhecer.
O livro faz parte da coleção Escarlate da Editora FTD, de 1990.

5.2.07

O Culto da Emoção

Múltiplas Leituras

Normalmente, leio vários livros ao mesmo tempo. Pega um, larga, pega outro. e nesse vai-e-vem, num determinado momento, um acaba se impondo sobre os outros. Então, este será lido, com exclusividade, até o fim.
Isso é o que está acontecendo com O CULTO DA EMOÇÃO de Michel Lacroix (José Olympio). Este venceu a concorrência com vários outros como Quando eu voltar a ser criança, Textos e pretextos sobre a arte de contar histórias(Celso sisto) e Batismo de Fogo (Mario Vargas Llosa), dentre outros.
Lacroix foi me conquistando pela importância e atualidade do tema. O livro trata de um contradição da nossa época: ao mesmo tempo em que buscamos colocar mais emoção em tudo que fazemos, paradoxalmente, estamos nos tornando cada vez mais insensíveis. Fala da emoção-choque que sai em busca de mais e mais adrenalina: filmes violentos, esportes radicais, músicas agressivas, visual agressivo, em contraposição à emoção-contemplação ou emoção-sentimento. A primeira se caracteriza pelo grito. a segunda pelo suspiro. A primeira se dá num golpe. a segunda é calmamente saboreada. "A emoção-choque constitui o encanto da vida frenética, mas pouco profunda". A emoção-contemplação contitui uma porta de entrada para as profundezas do eu, transforma a pessoa, enriquece sua alma. Há uma valorização excessiva de emoções-choque e um déficit de emoção-sentimento. Os impactos repetidos colocam o sujeito num estado de dopagem e embotam a sensibilidade. É a "síndrome da perda da sensibilidade" que leva à falta de atenção, à predominância de emoções negativas, à alienação, ao empobrecimento da vida interior, da subjetividade.
Como proposta para educar nossa sensibilidade adoecida, propõe a corrente de uma emoção contemplativa a partir da disponibilidade e da admiração.
Por disponibilidade entende adotar uma atitude de acolhimento diante dos seres e das coisas. Abrir-se para a experiência externa, o que impediria o homem de se encerrar em si mesmo.
Por admiração entende nossa capacidade de nos fazer vibrar por algo mais elevado, um objeto que está fora e acima de nós. A "admiração compartilhada" une os indivíduos e reforça o vínculo social e espiritual.
Um dos maiores desafios da nossa época é, portanto, educar nosa sensibilidade e aprender a diferenciar as emoções que nos degradam daquelas que nos elevam. Recuperar nossa capacidade de vibrar diante do que é natural e belo. Enfim, despertar o poeta que dormita dentro de cada um de nós.
Essa é uma leitura que provoca um longo suspiro ao final.